Nunca vi, em uma ficha cadastral, campos como:
Gosta de sair a noite;
Lê quantos livros por semana;
Quantos vídeos assiste por semana;
Você anda de chinelo ou descalço em casa;
Faz sua própria comida ou come fora;
Limpa sua própria casa ou tem uma diarista;
Prefere sair de carro ou a pé;
Gosta de fazer hora extra;
Gosta de usar calça comprida ou bermuda;
Por que não se pergunta isto, mas ao invés querem saber:
Data de Nascimento;
Grau de Instrução (ora, isto já dá uma idéia da idade da pessoa, pois mais importa o grau de maturidade do cliente do que sua idade);
Nome do pai e da mãe (nunca vi ninguém usar isto em uma mala direta);
CPF, RG, Número da carteira de motorista.
Mesmo os Gestores de marketing não se desligaram de antigos valores, e aborrecem seus clientes com perguntas que não vão servir nem um pouco para suas pesquisas de mercado. Vejamos uma situação hipotética para mostrar aspectos paradoxais de uma pesquisa.
Vamos a uma loja de roupas. Pergunta-se a data de nascimento para inferir idade e colocar o cliente em uma faixa etária. Caso a pessoa tenha mais de 50 anos, um "bobo" infere que o cliente vai preferir calças compridas. Pois bem, estamos cansados de ver pessoas desta faiza etária utilizando bermudas, comportamento previsto somente para jovens.
Idade, sexo, região onde mora e grau de instrução não fornecem mais subsídios para se inferir preferências dos clientes.
Perfil
Hoje, o que domina é o perfil. Pessoas com determinados hábitos tem uma tendência previsível. Hábito é algo previsível. Existem pessoas que só saem de carro próprio nos fins de semana, a ponto de colocar esta cláusula comportamental em seu seguro de automóvel.
Indivíduos mais novos já podem ter hábitos arraigados de pessoas mais velhas e vice-versa. É preciso fazer uma ficha do cliente observando quais produtos ele observa e experimenta com mais frequência, abstraindo-se de informações de constituição padrão.
Uma pessoa pode ter o perfil de comprar mais para os outros do que para si próprias, como muitas mães ou tias solteironas ou indivíduos muito desligados da própria aparência. Então, é preciso procurar saber se a pessoa está fazendo a compra para si ou para outrem. Este é o primeiro e primeiríssimo passo.
Em seguida, observar se a pessoa demora muito ou pouco para a compra, e se compra muitos itens. Se fica à vontade fazendo as compras ou se fica ansiosa para pegar, pagar e ir embora. Este tipo fica muito feliz com um vendedor objetivo e que providencia o pagamento imediatamente, pois voltará muitas e muitas vezes na loja. Isto pode ser percebido logo na primeira conversa. E este representa venda certa, pois o cliente enrolador experimenta, experimenta, e acaba saindo sem comprar nada. A pior coisa para o faturamento é o cliente muito calmo.
Conclusão
Sendo esta uma primeira abordagem sobre perfil, o que deve ficar é que dados cadastrais formais não servem de perfil, e sim de um amontoado de bobagens para imprimir nota ou recibo.