quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Youtube, o pretenso ditador

O mundo conhece bem o significado de Ditador e de Ditadura.

Segundo o dicionário Priberam da língua portuguesa (a Wikipédia ainda vai atingir um nível razoável de credibilidade no futuro), temos:

Ditador Pessoa que reúne em sitemporariamentee em circunstâncias .excepcionaistodos os poderes públicos.

"Ditador", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha],  2008 - 2013,  http://www.priberam.pt/DLPO/Ditador.

Ditadura
1. Governo de ditador.
2. Absorção do poder legislativo pelo poder executivo


"ditadura", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008 - 2013 , http://www.priberam.pt/DLPO/ditadura.

A velha República Romana já experimentou o regime, e funcionou bem. Mas por quê ? Porque era necessária uma centralização de poder devido às constantes guerras, consequência da barbárie. A cultura e o direito não haviam atingido o nível em que estão hoje. E levem em conta que mesmo assim ainda temos conflitos armados no mundo de hoje. Mas havia outro ponto a se considerar. O volume de informação era infinitamente inferior ao que temos hoje.

Quando o volume de informação atinge um determinado patamar, a sua manutenção se torna crítica.

O Poder

As fontes de poder vieram mudando desde a antiguidade. A primeira foi o ouro (riquezas minerais). Depois veio o dinheiro (moeda ligada à credibilidade). Depois as armas (riqueza transformada em defesa). Até este ponto eram "bens tangíveis", passíveis de serem contabilizados. Nesta era, o poder é baseado em "bens intangíveis". Que bens são estes ? Informação e credibilidade.

No que diz respeito à Informação, a detentora do título de maior gestora é o Google. Este mesmo blog pertence ao mecanismo Blogger, de propriedade deste grande conglomerado da Informação.

O Google conseguiu canalizar para o seu nicho tecnológico uma série de ferramentas de Gestão da Informação em primeiro nível. E acrescentou a isto as ferramentas de segundo nível, ou seja, as de foruns de discussão.

E esta empresa não está interessada em que tipo de informação é colocada em seus meios de armazenamento. O que importa é que eles sejam usados para armazenar e para exibir, pois o objetivo final é a veiculação de propaganda e a cobrança dos espaços onde elas são veiculadas.

O Youtube


A difusão de mídias era, até meados dos anos 1990, monopólio das redes de TV e, em menor escala, do rádio. O Youtube veio de mansinho, e com a prerrogativa de meio de armazenagem gratuito, se tornou o maior "armazém" de mídia do mundo.

A geração que inaugurou o seu uso estava ansiosa por ter um meio de divulgação de conteúdo técnico. Porém, como todo meio de comunicação, o Youtube se contaminou com o "besteirol" que já havia tomado conta da TV, sob um controle moderado. Mas o Youtube não tem moderação, a não ser do detentor da mídia propagada.

Com isto, o armazém de dados sérios também se tornou o "varejão da escória das massas". O homem comum começou a alimentar sua própria vaidade difundindo seus vídeos pessoais. O próximo passo foi o que estamos observando agora, onde leigos manifestam a PRETENSÃO DE OPINAR SOBRE ASSUNTOS TÉCNICOS.

A doença do duvidar

Como é que uma pessoa consegue atrair a atenção do público em geral ?

O mecanismo é o mesmo utilizado pela imprensa, antes da implantação do código do CONAR. O CONAR é uma espécie de ONG que faz a autorregulamentação Publicitária a nível Nacional. Almeja-se o "furo" de reportagem, o inédito, o bizarro. E como isto é sentido ? Pode-se constatar esta técnica na enxurrada de vídeos cujo título tem os padrões:

"A verdade sobre ... "
"A mentira sobre ... "
"Desmascarando ... "
"Desmistificando ... "

Então vem o segundo parâmetro de análise, depois do título, os autores. Os autores são, quase sempre, pessoas expulsas das instituições que professam as ideias que criticam agora. Pessoas com anos de exercício naquelas instituições de que falam, e que após 20 ou mais anos "descobrem" que estavam sendo enganadas. Jovens sem uma carreira formal naquele ramo, cujo linguajar não condiz com a seriedade do assunto apresentado, e sem os pré-requisitos exigidos para expor o tema.

Então vem algo que espanta. A legião de pessoas que assistem e concordam com a coisa exposta, ainda fazendo brincadeiras, gozações, usando palavrões e ofendendo-se uns aos outros é enorme. É a idiotização dos meios de divulgação.

Mas ao Youtube pouco interessa, pois já ultrapassou a TV como meio de divulgação tem pelo menos 5 anos. O que interessa ao Google é deter o tráfego da Internet para o seu lado e vender espaço de anúncios

Ganhando dinheiro mentindo ou não


Uma das funcionalidades do Youtube para seus usuários se refere ao processo denominado de MONETIZAÇÃO. Em cálculos sumários, a cada milhão de visualizações o usuário pode ganhar 1500 euros. Mas o leitor julgaria que é difícil atingir este número. Absolutamente. O canal Porta dos Fundos, que promoveu o ator e humorista Flavio Porchat, a cada vídeo colocado atinge facilmente a cifra de 1 milhão de vistas. Alguns vídeos chegaram a ser vistos 14 milhões de vezes. E não exigem muitos recursos, além de terem um tempo de duração muito pequeno.


Vamos comparar com vídeos científicos e sérios. O acesso a estes, mesmo ficando por 2 anos em exibição atingem acessos entre 10.000 e 1 milhão. Isto confirma a máxima de que:

"Se quiser fazer sucesso, faça vídeos bem imbecis", que traduzindo pode ficar assim:

"Quanto pior, melhor"

Entre os autores de vídeos temos adolescentes, recém-formados, ex-membros de correntes ou instituições (estes são os piores), aposentados, adultos que não completaram os estudos e outras aberrações.

Uma geração de enganados


Mas se do lado de quem coloca, até um lucro pode surgir, do lado de quem assiste é que se sente o prejuízo. Alunos em sala de aula respondem às questões utilizando conhecimentos de vídeos distorcidos sobre História, Arqueologia, Biologia, Inglês, e o que se puder imaginar em termos de conteúdos escolares. É uma polêmica parecida com a da Wikipédia, em que os experts recrutados muitas vezes são pessoas com conhecimentos deturpados.

Dr. Google

Os médicos já sentem a dificuldade ao terem que se confrontar com pacientes que se auto-diagnosticam pelo Google. Os pacientes tentam forçar o diagnóstico para o conteúdo lido na Internet. O problema é que o Google não tem olhos nem mãos para examinar o paciente, e muitas vezes a consulta acaba em confronto.

Conclusão

Para o estudo de qualquer tema, os livros, artigos e Revistas especializadas continuam sendo a melhor fonte de consulta. Seus conteúdos passam por revisão de profissionais formados e que lidam cotidianamente com o assunto.

Recomendamos que ao selecionar um vídeo, você analise o perfil de quem o colocou no Youtube. Veja se ele é formado, observe a linguagem que ele utiliza, como saúda sua audiência. Se ele cometer erros de português, descarte. Verifique se no próprio vídeo o autor dá currículo e qualificações, assim você não fica a mercê de um idiota.

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Fontes:
ABERJE - Associação Brasileira de Comunicação Empresarial
A INFLUÊNCIA DAS REDES SOCIAIS NA COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL - Laís Maciel Roberto
Youtube, mediador da cultura popular no ciberespaço - Denis Renno
Cultura de Massa ou Industrial Cultural - Nélson Adrian
Teorias da Comunicação de Massa Material complementar para desenvolvimento de Observatório de Mídia - Laura Alves Martirani
Redes Sociais na Internet - Raquel Recuero










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