Que tipo de linguagem devemos utilizar ?
A língua das nações
que se transformaram em países tem um vocabulário rico, e seu
vernáculo tende a aumentar. Já a língua de nações que continuam
mantendo valores tribais, como alguns países árabes e africanos e
habitantes de ilhas do Atlântico e até do Pacífico tendem a se
manter estáticas. Em nações desta estirpe, os novos elementos são
vistos como uma ameaça às tradições e aos costumes milenares.
Os costumes em evolução
e a vida urbana, bem como a tecnologia, tendem a fazer com que o
vocabulário da língua de um país se avolume. Os acordos comerciais
internacionais, assim como a absorção de cultura estrangeira também
provocam a incorporação de novos vocábulos.
O vocabulário
Em termos de
crescimento humano, é esperado que o indivíduo adquira, em
determinado momento, a capacidade de pronunciar palavras que ouviu,
analisar padrões de ordem e circunstância das mesmas, e depois
desenvolver seu raciocínio expressando-o com palavras. Com o empenho
da vontade do indivíduo para melhorar o raciocínio, espera-se que
este vocabulário aumente, devido à exposição a novos contextos,
novas opiniões, outras línguas, etc.
Um estudo recente
levado a termo pela Universidade de Bauru, em trabalho de Ana Cláudia
Bortolozzi, verificou a relação entre vocabulário e o QI
(Quociente de Inteligência). Dentre as várias conclusões, o
aumento do vocabulário mostrou relação com o aumento do QI.
As Redes Neurais
As ideias do contexto
de nossa existência precisam ser expressas por símbolos em nosso
cérebro, pois ele é um equipamento e precisa de dados concretos
para representá-las. Estes dados concretos são as palavras, seja em
que língua os mesmos se apresentem.
E as relações entre
as ideias (pois elas não existem solitárias, são tão gregárias
quantos nós como pessoas) formam redes neurais em nosso cérebro. Já
foi demonstrado que os neurônios trabalham em Assembleia.
Estas redes neurais,
portanto, são mais poderosas quanto mais conceitos relacionados elas
são capazes de ligar na hora em que o indivíduo pensa em uma
determinada situação. E como elas ligam ideias, REPRESENTADAS PELAS
PALAVRAS (símbolos das ideias), seu poder é proporcional ao número
de PALAVRAS ligadas naquele momento.
Pelo exposto, conhecer
um grande número de palavras ajuda tanto no conhecimento quanto no
desenvolvimento da linguagem, quanto no entendimento de uma situação,
tornando o indivíduo mais articulado no uso da Linguagem. É como
uma bola de neve.
Conclusão parcial
Ora, se a aquisição
de mais vocabulário aumenta o domínio da linguagem, e até o QI,
percebemos que a linguagem é uma ferramenta muito útil em nossa
vida prática, ultrapassando as simples finalidades de leitura e
escrita.
Como devemos usar a linguagem ?
A dúvida está em que
direção devemos utilizar esta poderosa ferramenta: devemos falar na
linguagem de quem nos ouve ou na linguagem citadina com seus ricos
elementos ?
Comunicadores dos
regimes de exceção e também dos regimes fascistas e nacionalistas
souberam manipular o pensamento da população através de uma
linguagem dirigida. Novas expressões foram criadas em função de
novos conceitos que precisavam ser fixados nas mentes dos ouvintes.
Nesta situação, o vocabulário era aumentado. Novas situações,
novos conceitos, novas expressões e novas palavras.
Mas e numa situação
do dia a dia de um mundo já estabilizado econômica e politicamente
?
A pergunta expressa já
um erro de interpretação, pois hoje existem situações críticas
sem armas. Por associarmos nossa situação cotidiana a algo
estático, julgamos que vivemos em estabilidade, pensamento este que
mantém o ser humano na estagnação. De forma nenhuma. Cada dia se
constitui em incremento de vocabulário (nesta nossa abordagem da
linguagem). Se ao final do dia você julgar que nada foi para a
frente, leia algum artigo interessante na mídia. Este hábito também
traz saúde, e é recomendado para quem está apresentando problemas
de memória.
Princípio do Convencimento
Portanto, se falamos
algo, devemos ser simples, mas não simplistas. E se queremos
CONVENCER alguém de alguma coisa, devemos utilizar a linguagem como
uma Arma. Para isto, devemos operar linguisticamente num nível
ligeiramente superior a quem nos ouve, pois a intenção é
sobrepujar o discurso do outro. O vocabulário é a munição desta
Arma da qual falamos.
A linguagem, nesta
geração das redes sociais veio sendo empobrecida de elementos como
conjunções, pronomes, adjetivos e até artigos. As inversões não
são mais usadas. Isto proporciona comunicação rápida, mas NÃO
PERMITE O CONVENCIMENTO. Quem nos ouve, nesta tentativa de
convencimento, acha que está em posição de igualdade. Quem fica em
igualdade NÂO ESTÀ SENDO SOBREPUJADO E NEM CONVENCIDO. A mídia
simples das rádios e TVs tentam perverter este princípio, dizendo:
“FALAMOS A LÍNGUA DO POVO”. Devemos nós fazer isto também ?
Vejamos o caso das
ciências jurídicas. As petições não empregam a linguagem
popular. Elas tem se simplificado, mas não estão falando a
linguagem de rua. A linguagem por elas utilizada é a de
convencimento, e este deve seguir o princípio citado anteriormente.
Um exemplo popular
Os
“Call-centers” migraram para a linguagem popular, para
ideias simplistas, e o que aconteceu ? O cliente se acha igual a quem
o atende do outro lado da linha (pois sabem que se trata de gente
inexperiente) desacatam os atendentes sistematicamente. Eles podem
dar explicações simples, mas não de forma simplista. É preciso
ter um discurso elaborado, sem ser pedante, mas com forte conteúdo
linguístico. E isto é uma arma de propaganda, que tem que ser bem
usada.