"A tecnologia imitou as instituições humanas nos pontos em que estas instituições estabeleceram sistemas"
Esta é a assertiva para os comentários deste "post".
Para quem está familiarizado com empresas, estas tem hierarquia: Presidente, diretores, superintendentes e gerentes mais baixos, até chegar aos pobres funcionários. Já falamos de família também.
Nos sistemas concebidos para gerenciar e fazer com que a tecnologia funcione, estas hierarquias tem um sentido tanto de estabelecer as linhas de processamento (a CPU/processador do computador é o "manda-chuva") quanto de acesso à informação ( pastas, arquivos, parágrafos, caracteres).
Isto fica muito claro principalmente nos bancos de dados. Vamos supor um sistema que vá gerenciar uma instituição financeira. A estrutura hierarquica pode ser:
- Banco (O grupo financeiro pode ter vários, cada um com uma finalidade)
- Agência
- Modalidade (Conta corrente ou poupança ou cartão de crédito ou carteira de descontos)
- Conta
Muita gente acha que nesta estrutura deve estar o cliente, mas esta forma é mais simples, pois se o cliente tiver várias contas, fica fácil para o sistema, pois pode tratar cada conta em separado. Se fosse tratar cada cliente, teria que fazer estruturas diferentes para cada um. A conta tem uma estrutura comum muito parecida. Em resumo, os analistas de sistema costumam dizer que o sujeito do assunto bancário é a conta, e não o cliente, e isto nos faz entender a frieza como os call-center de bancos nos tratam. Eles acham que somos uma conta bancária, e não uma pessoa.
Separando as coisas
A conta de banco é um repositório do dinheiro do banco, assim como o tipo de conta (poupança, carteira de descontos, cartão de crédito). Esta divisão torna os relatórios finais mais factíveis de serem feitos.
Por exemplo, o banco quer saber o total de dinheiro comprometido em cartões de crédito. Basta acessar as contas deste tipo. Se fossa listar todas, e tentar saber quanto de cada uma se refere à modalidade cartão, sem uma classificação clara, esta tarefa seria muito mais demorada. Veja a tabela (já que estamos gostando muito de tabelas):
Nome | Tipo da Conta | Número da Conta | Valor |
Ermenegildo | Corrente | 09231456 | 200,00 |
Ermenegildo | Poupança | 12738554 | 400,00 |
Parmegiano | Corrente | 09231434 | 100,00 |
Floriano | Poupança | 22748552 | 600,00 |
Ermenegildo | Cartão | 09231456 | -270,00 |
Peixoto | Poupança | 12733558 | 400,00 |
Parmegiano | Cartão | 09231434 | -150,00 |
Floriano | Cartão | 22748552 | -400,00 |
Repare a engenhosidade na concepção desta tabela. As contas de cartão tem exatamente o mesmo número das contas correntes. No entanto, os valores são negativos, para mostrar que a conta está devedora. A separação aqui é uma sutileza engenhosa, em que duas coisas parecem a mesma, no entanto tem uma pequena diferença.
Quanto mais hierárquico, tipificado e dividido for um sistema, ou a infra-estrutura deste, mais preciso e maleável ele será. Se utilizarmos cores, uma dimensão visual, e portanto um novo critério de separação, melhor ainda:
Nome | Tipo da Conta | Número da Conta | Valor |
Ermenegildo | Corrente | 09231456 | 200,00 |
Ermenegildo | Poupança | 12738554 | 400,00 |
Parmegiano | Corrente | 09231434 | 100,00 |
Floriano | Poupança | 22748552 | 600,00 |
Ermenegildo | Cartão | 09231456 | -270,00 |
Peixoto | Poupança | 12733558 | 400,00 |
Parmegiano | Cartão | 09231434 | -150,00 |
Floriano | Cartão | 22748552 | -400,00
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Melhorou ?
Repare que, tendo a conta de poupança um número diverso, o cartão pode tornar a conta corrente bem negativa, que o banco nada fará para compensá-la. O cliente precisará autorizar o transporte de valores da poupança para a conta corrente.